Paulo Sérgio Pereira Gomes, 38 anos de idade, natural da freguesia de Paranhos, atual treinador da nossa equipa sénior, acedeu ao nosso convite e concedeu-nos a entrevista que agora partilhamos com todos vós.
Esta entrevista está também disponível em vídeo no nosso canal do Youtube.
SCRT – Para quem nos segue, quem é o Paulo Gomes? Quem foi o Paulo Gomes como jogador? Quem é o Paulo Gomes como treinador?
Paulo Gomes – Fui jogador profissional durante quase 20 anos, vim de França, estive 15 anos em Paris, frequentei a formação do Paris Saint Germain. Em 1996 vim para Portugal e assinei um contrato de 4 anos com o Boavista FC que na altura estava na 1º divisão e segui o meu percurso aqui, em Portugal, entre a 2ª liga e o agora denominado Campeonato Nacional de Seniores, essencialmente passei a minha carreira nesses dois patamares no futebol Português.
Como jogador, considero-me um jogador tecnicamente evoluído, jogava, tanto como médio ofensivo, como nº 10 como extremo e essencialmente os meus pontos fortes eram ser tecnicamente evoluído e com uma boa visão de jogo.
Como treinador, uma das minhas facetas que me começaram por ajudar e de onde tirei alguns ensinamentos que tinha como jogador foi essencialmente saber antecipar um pouco os acontecimentos e não ficar muito surpreendido com o que pode estar a acontecer durante o jogo.
Pode apresentar-nos também o resto da equipa técnica?
Sim. Tenho o Professor Ricardo Ferreira, que já me acompanha desde o início da minha carreira como treinador, tenho o Carlos que me acompanha há sensivelmente 4/5 meses e tenho mais um elemento da minha equipa técnica que é um personal trainer de um ginásio, que é meu amigo e que faz um trabalho específico com o plantel, 2 dias por semana. São eles que me acompanham e essencialmente são a minha força.
Enquanto jogador, qual foi o treinador que mais o influenciou?
Vítor Pereira. Apanhei-o 2 vezes na minha carreira. Na 1ª vez foi no Gondomar SC, quando ele era preparador físico, eu tinha sido emprestado pelo Boavista FC e a 2ª vez apanhei-o no SC Espinho, já ele como treinador principal.
O Paulo começou a sua carreira de treinador esta época, esperava assumir logo uma equipa sénior, depois de alguns meses a comandar os juvenis do Salgueiros 08, ou foi uma surpresa para si?
Em termos de carreira sei perfeitamente aquilo que pretendo. O ter chegado mais tarde ou mais cedo, sabia que isto iria surgir. Se chegou muito cedo demais? Não acho, porque a minha experiência de 20 anos permite-me ter alguma bagagem para encarar com alguma naturalidade esta minha etapa. É verdade que vim da formação, e também ao vir da formação é que me tem ajudado a encarar da melhor forma a aposta que o clube quer fazer em relação à sua formação.
E quais são esses patamares que espera atingir como técnico?
Espero atingir, como todos os treinadores ambiciosos, os campeonatos profissionais e a 1ª liga, logicamente.
Como está a ser este início no Sport? A equipa está a adaptar-se bem aos seus processos e da sua equipa técnica?
Sim, tem havido algumas dificuldades porque os métodos de treino, a forma como a equipa está a jogar é completamente diferente daquilo que estava a jogar anteriormente, não que a do Ricardo Jorge tenha sido melhor ou pior, é simplesmente diferente a minha forma de construir e de organizar a minha equipa. A equipa ainda se está a adaptar um pouco aos novos métodos e obviamente isto demora o seu tempo porque as mudanças são grandes em termos táticos e em termos de organização como equipa e logicamente que essas coisas demoram o seu tempo, tanto para os jogadores se adaptarem á equipa técnica como para a equipa técnica se adaptar aos jogadores.
Já conhecia o clube ou algum dos seus jogadores?
Já! Eu cheguei a vir aqui jogar pelo SC Salgueiros 08 e na altura que eu vim aqui jogar fiquei deveras impressionado com as instalações do clube, tem umas excelentes condições de trabalho. Com este tempo torna-se um bocadinho complicado o estado do relvado, mas em termos de balneários, temos a nossa própria sala de treinadores, temos acesso a computadores, temos acesso a tudo mesmo e o clube tem ou dá, neste caso, todas as condições a uma equipa técnica para produzir um bom trabalho, sem duvida nenhuma.
E quanto a jogadores? Penso que jogou com o Machado, no Boavista FC e no Sp. Covilhã..
Sim. Apanhei o Machado no Sp. Covilhã na 2ª liga e depois no Boavista FC no Campeonato Nacional de Seniores, não é um colega, é um amigo de há já muitos anos e tem sido um reencontro positivo no sentido que é uma pessoa que nota-se que gosta muito do clube, é um filho da terra e isso só me poderia trazer vantagem como treinador, logicamente.
Neste momento o plantel está curto, como vai resolver esta situação? Chamar alguns jogadores juniores? E se fosse possível reforçava o plantel?
É assim, nesta altura não é fácil reforçar a equipa porque o clube não nada em dinheiro e há uma coisa que já tinha falado com o presidente, no qual ele tinha concordado, que é: quem vem tem que fazer a diferença, vir por vir não faz sentido mesmo, para isso temos a formação e eu tendo sido até há bem pouco tempo treinador da formação, à qual dou muita importância! Prefiro ter juniores motivados aqui do que ter mais um jogador sénior que venha aqui só para fazer número. Quem vier terá que vir sempre para fazer a diferença!
O que conhece ou lhe foi transmitido desta divisão? Quem são as melhores equipas?
Esta divisão é um pouco aquela divisão em que eu estava como jogador, na altura era a Divisão de Honra, onde estava o SCRT e o Salgueiros, é acima de tudo uma divisão de luta constante, a qualidade do futebol não é nada do outro mundo, é acima de tudo confrontos fisicamente intensos, equipas que privilegiam muito o futebol direto, que trabalham muito as bolas paradas, que são muitos do jogo que podem ser resolvidos a favor das equipas e é uma divisão um pouco à semelhança do Campeonato Nacional de Seniores, não noto assim grandes diferenças, obviamente que há equipas com mais qualidade no CNS, mas o futebol em si é um futebol muito físico, muito contacto e pouco técnico.
É assim, as equipas que eu tenho visto, gostei do Sobrado, o Aliados de Lordelo tem uma equipa bastante organizada, o Oliveira do Douro tem um treinador claramente com experiência nestas divisões, que tem uma boa equipa também. Há outras equipas também, como por exemplo o Serzedo que veio aqui este fim de semana, que são equipas fortíssimas na transição ofensiva, equipas muito perigosas no contra ataque, mas, eu acho que aquilo vai andar á volta do Sobrado, FC Pedras Rubras, Aliados de Lordelo e o Oliveira do Douro, para subir de divisão andará entre esses quatro.
O que é que será um temporada de sucesso este ano? Quais os principais objetivos?
Nós temos um grupo curto, mas temos um grupo de qualidade. Isto vai depender muito do que na 2ª volta acontecer em relação a castigos, lesões, que os atletas possam ter, porque sendo o plantel curto, como é, se tivermos uma ou duas lesões, de jogadores nucleares da equipa, que espero que não tenhamos, depois caiem por terra quaisquer prognósticos que uma pessoa possa fazer, agora, o lugar que eu nos gostava de ver no final da época, era claramente no 1º terço da tabela, já seria uma boa classificação para o SCRT em função das limitações que temos.
Que conselhos daria aos jogadores da formação do nosso clube, particularmente aos juniores?
O conselhos que eu lhes daria, e já lhes dei coletivamente para aqueles que vêm treinar connosco e já lhes dei também individualmente é aproveitar acima de tudo a oportunidade que eles têm de ter uma equipa técnica que veio da formação, que dá grande importância à formação, que todos os fins de semana observa o desenrolar dos jogos, seja eu, o Ricardo ou o Carlos, um de nós os três vai sempre ver o jogo dos juniores, não há nenhum jogo que não seja visto por um elemento, ou dois, ou três da equipa técnica. Fomos ver inclusive o jogo deste fim de semana contra o Boavista FC, gostamos, gostamos muito, por isso é que no treino de hoje foram chamados 7 ou 8 juniores, foi chamado também um juvenil, que na minha opinião tem grande, grande futuro, que é o Jorge, um central que tem jogado pelos juniores, que na minha opinião é um jogador de futuro, tem um potencial enorme.
O terreno em que as camadas jovens jogam, neste caso os juniores, não dá para ter um futebol de qualidade..
Sim, mas quando eu olho para um jogador vejo como é que ele está como equipa, mas acima de tudo o que me interessa ver é como que ele se adapta ás circunstâncias do jogo e este fim de semana os juniores fizeram claramente um excelente jogo contra o Boavista FC, demonstraram uma ambição e um querer muito grande, tiveram um pouco de azar, daí o empate 2-2, mas acima de tudo o que eu realço foi a vontade, o querer, a atitude, a ambição que eles tiveram e quando uma pessoa olha para esse jogo, o que eu noto é que o SCRT poderá colher frutos da qualidade desses jogadores, sem dúvida nenhuma.
Para si, qual é a característica mais importante num jogador de futebol?
Humildade.
Por último, deixe uma mensagem aos sócios, adeptos e seguidores do SCRT.
Acima de tudo pedir-lhes para eles continuarem a dar-nos o apoio que nós necessitamos porque obviamente quando jogamos em casa sendo apoiados e acarinhados pela nossa massa adepta os jogadores obviamente que lá dentro sentem esse apoio, logicamente, para o bem e para o mal. Se os jogadores sentirem que a massa adepta està a puxar por eles obviamente que os jogadores vão buscar forças onde pensavam já não as ter, como aconteceu este fim de semana, onde a massa adepta empurrou claramente a equipa para a frente, estávamos a perder 0-2 ao intervalo e mal, na minha opinião, porque o Serzedo não fez nada para estar a ganhar por 0-2 ao intervalo, agora, na 2ª parte graças à massa associativa, realmente a equipa sentiu-se empurrada para a frente, teve uma atitude fabulosa neste jogo, um querer e uma ambição neste campo, que estava completamente estragado na 2ª parte, que não dava para jogar, mas acima de tudo os jogadores perceberam que se não dá de uma maneira, tem que dar de outra e o que nunca nos pode faltar é atitude em todos os jogos e isso os jogadores têm tido. Estamos numa fase nesta altura em que nos tem acontecido de tudo, estamos naquela fase em que não podemos pôr um pé ao lado que escorregamos, é mesmo assim, e temos acima de tudo de querer ter forças, ter vontade e ambição para ultrapassar esta fase menos boa e só com a ajuda da massa associativa é que vamos conseguir isso!
Esta entrevista está também disponível em vídeo no nosso canal do Youtube.
Ao Paulo Gomes, deixamos aqui o nosso agradecimento, pelo tempo que dispensou á realização desta agradável conversa, desejando-lhe, extensivél a todo o seu “staff”, os maiores sucessos, quer a nivel desportivo, quer a nivel pessoal.
A equipa Web / Informática.
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